23 de junho de 2013

Peço alguns minutos de sua atenção

Você, que está borbulhando de insatisfação e quer mudanças já, que não tolera mais políticos indolentes e manipuladores, que está farto da demagogia e precisa de melhorias concretas, que tal uma pequena conversa? Não peço muito; 5 minutos no máximo. Não quero que você faça ou deixe de fazer nada, apenas pare para refletir.

Estamos de acordo? Ótimo. Em primeiro lugar, saiba quem é seu inimigo. Seu inimigo é toda uma conjuntura que vem sendo instaurada no país desde décadas e séculos atrás. De forma ampla, uma democracia distorcida e com pouca participação efetiva do povo causa boa parte das anomalias que vemos hoje no cenário político (saiba mais neste excelente vídeo), bem como diversos problemas históricos.

Para resolver os problemas de forma realmente profunda, não há dúvidas de que precisamos de uma reforma política. E não é a derrubada do chefe do poder Executivo ou a destruição geral do sistema que vai promover isso, mas sim reivindicações mais do que urgentes visando costurar alguns graves furos na nossa democracia: impedimento das PECs 33 e 37, retirada de políticos como Renan Calheiros de seus postos, maior transparência e participatividade do povo no poder Legislativo etc.

Falando em poderes, se tiver um tempo, peço que leia a Constituição ou faça sua própria pesquisa para conhecer as atribuições de cada poder. As coisas evoluíram consideravelmente desde os primeiros regimes de governo. Não existe mais uma pessoa que manda em tudo e consegue fazer o que quer, então saiba para onde direcionar suas críticas.

Vamos ao segundo ponto agora. Você sabe quem o está representando, quem vai levar suas reivindicações aos políticos? Se você acha que não precisa de ninguém para representá-lo, então como espera dialogar? Não considera inviável que o governo chame todos os milhares de manifestantes para anunciarem seus pleitos um a um?

Querendo ou não, por bem ou por mal, alguém precisa se manifestar. E se não houver um processo democrático para decidir uma pauta comum e representantes, não há garantia alguma de que as causas importantes sejam consideradas. Se isso acontecer, a quem você pretende reclamar? Sei que deve estar impaciente e quer as coisas resolvidas imediatamente, mas nada é resolvido sem planejamento e organização.

Será que este recente exemplo é um bom método de ação? Entre os 30 mil manifestantes, pelo menos metade (sendo bem otimista) sequer ouviu falar de uma pauta sendo elaborada na hora. O grupo que se reuniu com o diretor-geral da Câmara deixou bem claro que não representa todos. Por mais que as reivindicações dessa vez tenham sido justas e apoiadas pela maioria, você acha razoável que só alguns enviem sua própria pauta enquanto os demais se limitam a fazer o papel de chamar atenção? Claro, não estou criticando o grupo, que tomou uma boa decisão. Na falta de uma representação, é realmente cada um por si.

Bem, era basicamente isso. Tire suas próprias conclusões.

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