O tema de viagem no tempo sempre fascinou a mente de escritores, filósofos e escritores ao longo da história. Não é difícil ver o porquê: inúmeras possibilidades, paradoxos, projeções do futuro... Em "A Máquina do Tempo", o genial H. G. Wells (mesmo autor de "A Guerra dos Mundos") expõe uma brilhante trama que mescla ficção científica e crítica social.
O protagonista é referido pelo narrador como o Viajante do Tempo, um cientista e inventor inglês que investiga modos de se deslocar livremente pelo tempo-espaço. Tudo começa quando o Viajante convida alguns amigos e lhes mostra um protótipo de seu invento: a máquina do tempo.
Mesmo após a demonstração bem sucedida, muitos permanecem céticos e o Viajante convida a todos novamente para mostrar a máquina completa. Entretanto, no dia marcado, os convidados notam a estranha ausência do anfitrião.
O Viajante repentinamente surge durante o jantar, sujo, faminto e absolutamente miserável. Como se a visão não fosse impressionante por si só, ele começa a descrever sua fantástica jornada através do tempo. Uma jornada a um futuro próspero, que representa o auge da humanidade.
Mas todo sucesso tem seu preço, um preço muitas vezes mais alto do que podemos pagar...
Time machine, por aunwin (CC BY-NC-SA 2.0). |
Embora A Máquina do Tempo se encaixe como uma aventura de ficção científica, principalmente devido à intensidade e aos mistérios na narrativa, é no comentário social que H. G. Wells se destaca. Aliás, esse é um traço característico do autor, que busca extrapolar os limites da ciência e tecnologia para investigar o ser humano.
Quando se pensa em futuro, a primeira coisa que vem à mente é tecnologia. O intelecto humano terá atingido níveis extraordinários, concebendo maravilhosas invenções para facilitar nossa vida. Acontece que a maioria das pessoas, incluindo nosso amigo Viajante, não pensa em algumas perguntas fundamentais.
O que vem depois desse sucesso tecnológico? Não é provável que abandonemos de vez o intelecto, uma vez cessadas nossas necessidades? E será mesmo que esse progresso traz absoluta prosperidade, ou alimenta ainda mais as desigualdades?
Infelizmente, o Viajante do Tempo vê com seus próprios olhos uma amplificação cruel do que já acontece em seu tempo. Os conflitos de classes vão além dos meros aspectos sociais e tornam-se uma verdadeira batalha pela sobrevivência, uma relação de caça e caçador.
O núcleo do livro são justamente as contradições percebidas pelo protagonista e suas reflexões sobre as experiências vividas no futuro. Mesmo assim, ele não consegue chegar a uma conclusão definitiva — e nem poderia, sendo um total alienígena à época —, deixando as considerações finais ao leitor.
Time Machine Clockwork, por Pierre J. (CC BY-NC-SA 2.0). |
As obras de H. G. Wells são uma ótima leitura aos interessados em ficção científica, e A Máquina do Tempo não foge à regra. O livro continua sendo até hoje uma interpretação bastante atual da sociedade contemporânea e o terrível futuro reservado a ela, bem como uma jornada empolgante em um mundo desconhecido.
O e-book do livro original encontra-se disponível gratuitamente em domínio público. Uma versão traduzida para português pode ser lida aqui.
Um grande clássico! Nunca tinha visto A maquina do tempo com esse olhar de crítica social, conflitos de classe, etc. Sempre a vi como uma obra de ficção científica, focada nas tramas do tempo, mas agora começo a pensar, e faz algum sentido. Bom, é uma excelente leitura, e ainda tem o ebook de graça sem ser pirata! Esse realmente vale a pena ler!
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